Ramin Shams Ceo da School Picture, uma das maiores empresas da fotografia brasileira. Créditos: Arquivos School Picture

 

A incrível jornada de Ramin Shams refugiado da minoria Bahá’í que, impedido de estudar no Irã, cruzou o oceano para realizar esse sonho (e fez muito mais que isso!)

Ao convidar um integrante da School Picture (https://www.schoolpicture.com.br/index.htm) para compor um debate num evento organizado pela FHOX, nossa equipe foi surpreendida pelo desejo do dono e fundador da empresa, Ramin Shams de ser ele mesmo o representante na conversa, daquela que é a maior empresa da América Latina no setor de recordação escolar. Sob suas quatro marcas estão cerca de 750 mil alunos sendo atendidos de forma exemplar, por uma equipe motivada e apaixonada, de mais de 400 colaboradores. Curioso Ramin empreender no setor de educação, o que para ele tem um sabor muito especial, já que sua trajetória é fortemente marcada pelo impedimento de estudar no seu país natal, o Irã, o que o levou a se refugiar no Brasil. Tudo por conta da sua religião, a Fé Bahá’í. Uma expressão minoritária e progressista num país de maioria muçulmana, que até

hoje segue sendo sufocada pelo regime autoritário dos Aiatolás. Numa cruel atitude que apenas demonstra a força, o valor e a importância de estudar, o regime barra o acesso das minorias à educação. Apesar da adversidade que enfrentou numa fuga digna de filme, Ramin fala de tudo com serenidade: “Gostaria de devolver um pouco do que recebi e por isso acredito que minha história pode inspirar e motivar todos que buscam forças para vencer as adversidades da vida”. Veja a seguir essa fabulosa jornada de amor, fé, superação e empreendedorismo.

Ramin com Tálita Barão, Gerente de Produto do IsCoolApp

FHOX – O senhor tem uma história incrível de superação: o integrante de uma minoria oprimida que precisa deixar seu país para poder estudar em outro continente e se torna um dos maiores empresários do país, certamente o maior do seu setor. Agora decide servir de inspiração a outros empresários e principalmente a todos que querem estudar e que precisam se superar, é isso ?

Ramin: Primeiramente, obrigado por aceitar o meu pedido, eu acho que tenho uma dívida com o mercado fotográfico e com o Brasil, pela oportunidade que tive nesses 34 anos neste país. Foi uma experiência ímpar poder exercer o que consegui carregar com a minha mochila vindo do Irã. O aprendizado em fotografia, estúdio, iluminação, e operação de lab preto e branco. Fazia isso com o meu pai desde criança. Ele, dois anos depois de mim, também teve que fugir com minha mãe e meu irmão mais novo. Fechou um negócio com 45 anos de tradição, o primeiro estúdio da cidade, inaugurado pelo prefeito.

FHOX Qual cidade?

Ramin: Chama Bojnord (soletrou). Hoje é a capital de um Estado no nordeste do Irã, próximo da fronteira com a Rússia. E ali numa região montanhosa, está uma das maiores cidades, em termos territoriais do país, com cerca de 720 aldeias no seu entorno. O meu pai fechou esse estúdio e saiu de lá em 1988, eu saí em 1986, com 21 anos. Até então, atuava com o meu pai desde criança, tirando uma grande quantidade de retratos de gente que vinha fazer foto 6 por 4, no estúdio da família. O meu pai foi um dos grandes fotógrafos sociais da região do Norte do Irã. Fotografou o Xá Reza Pahlavi, família do rei do Irã antes de 1979, e era fotógrafo de confiança da área social de todos os órgãos do governo que tinham festas. Ele era o fotógrafo oficial. Usávamos Rolleiflex 120. Então, depois, quando terminei o ensino médio, isso coincidiu com a reforma educacional que o atual governo islâmico, fez no Irã. E nós, que éramos das minorias, começamos a ser perseguidos. Antes também existia um pouco de perseguição sistemática, mas muito suave, porque o próprio Xá não era contra os Bahá’ís. Mas os sacerdotes muçulmanos que tinham grande influência no governo se incomodavam com a fé Bahá’í, pois o pensamento Bahá’í, investia muito contra as tradições antigas dos sacerdotes. As primeiras escolas de meninas, as primeiras escolas de meninos no Irã foram constituídas pelos bahá’ís, sendo que era uma religião recém- nascida, fundada em 1844 e desde o início perseguida. Em 1900, o Irã tinha mais de 30 escolas bahá’ís no país, e eram nelas que os muçulmanos mandavam os filhos estudarem. E a primeira vez que meninas podiam ir para a escola também eram em escolas Bahá’ís, porque as mulheres sempre foram oprimidas no Irã com tradição islâmica. Surgiram muitos grandes nomes da comunidade Bahá’í dentro do Irã ajudando o Irã. Grandes arquitetos, engenheiros, professores de universidades, mulheres que fundaram os primeiros estudos na área da física, da astrologia e etc. Hoje o monumento do Irã, que é Praça de Azadi, na região norte de Teerã, foi inaugurado na época do Xá Reza Pahlevi, projetado por um jovem de 24 anos bahá’í, recém-formado. Se você tiver qualquer manifestação em Teerã, acontece ali. Os dois primeiros empresários iranianos, número 1 e número 2, eram bahá’ís. O número 1 tinha 72 companhias. Grande parte do PIB do Irã era gerado por esses bahá’ís. Toda essa contribuição bahá’í, gerou muito ciúme aos olhos dos sacerdotes muçulmanos, dos aiatolás.

Então, em 1979, quando assumiram o poder, o primeiro plano deles era extinguir os bahá’ís da face do Irã. Viviam no Irã algo em torno de um milhão de bahá’ís. E aí um dos programas do governo, não apenas para controlar a educação e, de certa forma, estrangular culturalmente a comunidade bahá’í, era não permitir que acessassem as faculdades e universidades. Isso segue até hoje, 40 anos depois.

FHOX – Sua fuga foi sua primeira saída do Irã até então?

Ramin: Foi a primeira vez. Uma trajetória de quase 5.700 km. No total demorou dois meses porque foi difícil de achar o coiote (serviço clandestino que facilita a fuga). Você tinha que ir para a fronteira com o Paquistão, uma distância de cerca de 2.300 km, e tentar achar sem o governo perceber. Porque se algum guarda revolucionário visse um cara do Norte com traje (o pessoal do Sul do Irã usam trajes da região, como o traje do pessoal da Índia e Paquistão), se você entrasse numa cidade como essa e fosse percebido como estranho, seria questionado. Então um amigo meu desceu até o Sul, achou o coiote, voltou, e aí eu, ele, com uma esposa e dois filhos, seguimos para o Sul do Irã de ônibus, e de lá a gente foi com uma van até um certo ponto, depois a pé e de camelo, atravessando a travessia do deserto, levando uma semana para chegarmos do outro lado no Paquistão. Só que aí era o ponto: se você fosse preso pela polícia do Paquistão e não tivesse nenhum documento, você era ilegal. Você tinha outra jornada, outro desafio de chegar da fronteira até a cidade sede da ONU sem ser pego. Então, aí foi outra jornada a pé, de camelo, uma parte de carro, depois de chegar numa estrada, um ônibus, aí fomos entregues para a polícia do Paquistão, quase deportados, presos… a história é longa. Até que consegui me comunicar com a Assembleia Nacional do Paquistão, a Assembleia Nacional dos baháís do Paquistão. Graças a Deus, nós éramos um grupo reconhecido pela ONU como refugiado. Se alguém da ONU soubesse que tinha um refugiado, eles amparavam até legalizar a situação. Assim, fomos para o escritório da ONU em Karachi, Sul do Paquistão. Lá conseguimos um papel provisório, alguns dias depois, conseguimos pegar o papel e depois pegamos um trem a caminho de Lahore, a segunda maior cidade do Paquistão; depois pegamos um carro e fomos até Islamabad, que é o capital do Paquistão; e em Islamabad a gente foi para o

escritório da ONU para refugiados, o ACNUR. Fomos lá, só que o processo de reconhecimento de um refugiado demorava muito, você tinha que provar que era perseguido.

Um dos braços do Grupo empresarial que Ramin criou é a Conquista Formaturas

FHOX – O senhor pode falar um pouco sobre a Fé Bahá’í?

Ramin: Hoje, segundo a Enciclopédia Britânica, ela é a segunda religião mais difundida no mundo, depois do cristianismo. Só que a fé bahá’í é única, não tem derivação, o cristianismo tem. Ela nasceu como todas as religiões sagradas: tem o seu livro sagrado, tem o seu próprio manifestante que trouxe conhecimento para a humanidade. Todas as grandes religiões, na verdade, entendemos que são a continuidade de uma única religião. Deus é um, a religião é uma e ela evolui, no nosso entender de uma forma progressiva. A verdade

é relativa. A verdade hoje é verdade, mas daqui a mil anos não é mais. A verdade também evolui. Na medida em que a humanidade vai expandindo o seu entendimento, o campo de conhecimento, também necessita de maior conhecimento do campo espiritual. Por isso você não vê nunca duas manifestações de Deus ao mesmo tempo. Você tem Moisés há 3.500 anos atrás, tem Jesus há 2 mil anos atrás, tem Mohamed há 1.400 anos atrás e tem Bahá’u’lláh 170 anos atrás. Tem Krishna, Buda, Abraão, Zoroastro, há tempos atrás também. Então, no espaço de tempo, eles são enviados. Seres que representam Deus na Terra, sem comparação com o ser humano, mas que são a essência de Deus que se revelam aos homens. Eles vêm para guiar a humanidade, para educá-la dentro de novos preceitos sociais, porque a questão espiritual geralmente é a mesma. A fé bahá’í traz 12 princípios modernos para a humanidade, que se o mundo tivesse aplicado quando Bahá’u’lláh veio, quando nós ainda não tínhamos carros para nos locomover… O nosso meio de comunicação ainda era a cavalo na terra e navios, barcos no meio do mar. Então, ele falou: “A terra é um só país e os seres humanos são seus cidadãos”. Era um pensamento muito além da época. Outro: “O mundo tem que ter uma segunda língua auxiliar, além da língua nativa, para os povos do mundo poderem se comunicar”. Ele falou sobre a eliminação de todos os tipos de preconceitos, seja racial, seja religioso, seja social. Falou do estabelecimento de um Parlamento e um Executivo mundial. Imagina se hoje nós tivéssemos Parlamento mundial e Executivo mundial, os governos poderiam pegar auxílio deste parlamento para resolver os problemas de todos os campos, seja educação ou saúde. A ONU, quando surgiu, um dos grandes apoiadores disso foi a comunidade Internacional bahá’í.

Ramin e seus livros da Ciranda do Livro, outro braço empresarial dos negócios da SchoolPicture

FHOX – E como a Fé Baha’i chega ao Brasil?

Ramin – A primeira bahá’í que veio para o Brasil foi há 100 anos. Uma mulher chamada Leonora Armstrong, que chegou aqui com apenas 20 anos. Ano que vem nós vamos fazer 100 anos de fé bahá’í (no Brasil). Hoje, nós temos 60 mil adeptos. E as maiores comunidades são Brasília, Salvador e Belo Horizonte. No Rio Grande do Sul também temos uma boa concentração de bahá’ís. Nós, dentro da fé bahá’í, não temos clero. Então, os próprios bahá’ís falam da fé bahá’í para os seus amigos e contatos e vão difundindo.

Baseado nisso, eu, quando fui refugiado para o Paquistão, decidi vir para o Brasil porque a minha irmã já era refugiada dois anos antes que eu, fugindo do Irã para o Paquistão. Ela era bahá’í também. Saindo do Paquistão ela foi para a Austrália. E aí ela insistiu muito, quando eu cheguei no Paquistão, que eu fosse também para a Austrália e, na época, eu vi na lista um dos países que necessitava de pioneiros, nós chamamos pioneiros bahá’ís, (esse país) era Brasil, América do Sul. Então, na época, minha esposa Nahid…

FHOX – Você já estava casado, Ramin?

Ramin: Não, eu não tinha nem ideia de casar, mas aí eu me apaixonei. Ela estava indo para os Estados Unidos. Tinha ido para o Paquistão um ano antes que eu. E aí, no campo de refugiados eu a conheci duas semanas antes de ela partir para os Estados Unidos, nos anos 1980. O american dream: era o sonho de todo mundo morar nos Estados Unidos e ir pra lá.

Ela já tinha a cidade definida, universidade para estudar… tudo certo, uma família que ia recebê-la. Aí eu disse: “Quero falar contigo e quero ver se a gente começa a se conhecer”. E aí ela falou: “Mas eu estou há duas semanas de partir para os Estados Unidos e você está indo para o Brasil, até onde eu sei”.

Victor Peluci, Gerente Operacional e Andrea Pitoli, Diretora Executiva da empresa

FHOX – E você nunca voltou ao Irã?

Ramin: Não. Nunca. Como eu era muito ativo na comunidade bahá’í, no início não era muito aconselhável voltar. E depois também, como eu saí de lá numa situação de refugiado e perseguido, então não existe garantia que você não terá problema quando voltar. Pode não ter, mas pode ter, porque lá a lei é assim: se na rua alguém bate num bahá’í ou mata um bahá’í, ele não é preso e nem questionado. Se alguém, por exemplo, do grupo da guarda revolucionária resolve judiar de um bahá’í, ele simplesmente pode alegar que essa pessoa falou mal do atual governo E aí ele pode ser morto na hora ou ser preso. E até você justificar a sua libertação, sem direito a um advogado… Para você ter uma ideia, agora, depois de nossa entrevista, eu vou conversar com um procurador público no Acre, porque desembarcou uma menina do Irã, ilegal no Brasil, e que era ligada a Nasrin Sotoudeh, uma advogada que hoje está em greve de fome no Irã. Eu vou ajudar na tradução para ver se vamos conseguir ampará-la no Brasil, porque pelo governo brasileiro, ela veio ilegal e teria que ser deportada. E se for deportada é capaz de ser morta.

FHOX – Retomando a sua história, pelo que eu entendi, você impediu sua esposa de ir para os Estados Unidos, foi isso?

Ramin: É. Aí ela falou: “Eu gostaria que nos conhecêssemos melhor, mas você está indo para o Brasil e eu estou indo para os Estados Unidos”. Falei: “É, eu não vou abrir mão do Brasil”, e ela falou: “Então vamos conversar com a minha família, porque por mim eu gostaria de te conhecer também, mas… “. Aí a gente ligou para a família dela, e a família disse: “Olha, a condição é o seguinte, nós damos consentimento, desde que ele vá para os

Estados Unidos também”. Aí eu falei: “A minha condição é nós dois irmos para o Brasil, eu não abro mão do Brasil”. E o Brasil, na época, entre os 24 países que recebiam os refugiados, era o único país do terceiro mundo… eram os anos perdidos do Brasil em economia. Inflação 1000% ao ano, e…

FHOX – Mas então, por que o Brasil, Ramin? O que te encantou, sem nem mesmo conhecê- lo?

Ramin: O que me encantava mais no Brasil era a sensação de pioneirismo, entendeu? Eu sempre tive no meu DNA o pioneirismo. Por exemplo, eu me sinto pioneiro no Brasil por ser alguém que está falando da fé bahá’í. E o pioneiro, ele não recebe salário por isso, ele simplesmente define que quer dedicar o seu tempo a algo que acredita. E quando viemos para cá, havia muitas cidades grandes, metrópoles bonitas. Mas eu decidi vir para Americana que não tinha nenhum bahá’í. Então, meu segundo ponto no pioneirismo, primeiro foi Brasil e depois foi Americana. Então, o fato de você entrar em Americana e saber que ninguém ouviu falar de Bahá’u’lláh já era…

Do clique ao porta-retrato O caminho da recor…

FHOX – Você escolheu Americana previamente então?

Ramin: Não, depois que eu vim para o Brasil, eu escolhi, porque eu morei quase cinco anos em Londrina. E aí, eu queria ser pioneiro numa cidade onde eu pudesse falar da fé bahá’í para as pessoas, em que ninguém tivesse ouvido falar. Então, procuramos alguma cidade do

interior de São Paulo que fosse próxima à região de Campinas e Capital, que era uma região onde consegui abrir alguns clientes.

FHOX – Nessa fase, você já chegou envolvido com fotografia também?

Ramin: Desde o começo eu trabalhei com fotografia. Cheguei em novembro de 1986, no feriado do dia 15. E a instituição bahá’í amparou a gente por 2 meses, para podermos respirar um pouco o ar do Brasil. E aí disse que cada um poderia escolher uma cidade. E aí, na época, por vários períodos de meditação, eu achei que Londrina seria a cidade que deveria ir. E fui. Uma família me amparou lá, fiquei na casa deles por dois meses. E quando cheguei lá, no mesmo dia, sem falar portugues e com a ajuda de um intérprete, busquei o Terumi Koga, do Foto Célula, e ele me empregou no laboratório dele. E como eu já tinha formação na área de laboratório, e em fotografia… Até que achei que deveria começar meu negócio. Então, nós fomos pioneiros em Americana com o primeiro minilab. Nós fomos pioneiros no Brasil, com a primeira impressora digital, que era aquele tubo CRT que a Kodak vendia. O primeiro no Brasil importado, fomos nós que trouxemos.

Ramin em frente ao estúdio fotográfico do pai, Yousef Shams, em 1972

FHOX – A School Picture data de que ano?

Ramin: 1989. Na verdade, eu comecei o School Picture em 1988. 1989 eu fui para campo, em 1988 eu comecei a juntar equipamento para ter o meu próprio laboratório. A School Picture sempre, desde o início, fotografou e revelou em casa. Sempre fizemos de ponta a ponta o nosso material, nunca terceirizamos nada. Como eu era laboratorista e fotógrafo, nos anos 1980 um laboratório colorido era um pouco segredo. Isso me ajudou bastante, porque alavancou a empresa muito rápido. Trouxe o primeiro minilab para Americana, nós tivemos a primeira impressora digital no Brasil. Em 2003 fomos a primeira empresa a fotografar em digital nas escolas, sendo que Estados Unidos começou em 2005. Isso porque lá tinham aquelas câmeras Z que eram específicas para a área escolar, de filmes de bobina de 35, que eles conseguiam identificar o aluno através de uma vinheta que colocava na frente da

câmera. Então, quando esse filme era processado nas processadoras grandes, já na hora que ia para a impressora, o impressor, pela indicação no canto do filme, sabia qual frame tinha que ser feito. Para eles mudarem o sistema para digital, tinham que mudar todo o campo produtivo atrelado a câmaras Z: impressoras e processadores também. Isso era muito complexo, por isso demoraram mais. Aqui foi rápido, a gente foi para o digital, começamos a fotografar, e imprimíamos na processadora. Só que eu não estava satisfeito com a qualidade dessa impressora. Ela ficou comigo um ano e meio, depois sucateou. E aí fui atrás de uma impressora digital. Quando fui para a PMA nos Estados Unidos, a Noritsu ainda não tinha lançado impressora digital. Comentei com eles, que soube que haveria um lançamento e eles disseram: “Você tem que procurar no Brasil”. Quando perguntei para o presidente da Noritsu do Brasil. Ele falou: “Desconheço”. Sempre estive em busca de novidades. Aí a Fuji lançou o Frontier, colocamos o primeiro, pelo menos aqui na região. E com ele veio a demanda de adaptar o software para uma impressora que recebia filmes. Foi muito trabalho e daí nasceu nossa célula TI. Já temos quase 20 anos de TI na empresa.

Ramin e seu pai Yousef em Americana, inaugurando o primeiro minilab da cidade em 1991

FHOX – Que é uma raridade, muitas empresas não têm no Brasil e laboratórios não dão o devido valor para algo que é tão importante, né?

Ramin: É muito importante. O nosso sistema operacional hoje é todo desenvolvido na empresa, são mais de 20 plataformas. Uma delas, que nós lançamos 5 anos atrás, chama IsCool App, que é o aplicativo de comunicação entre escolas e pais, e hoje é o terceiro melhor colocado no país, no Brasil, em termos de uso e de download. Atendemos 250 mil alunos, mais de 500 mil usuários com esse aplicativo, que é nossa unidade de negócio fora de fotografia. E aí, temos a Ciranda de Livro lançada há um ano, que é a área editorial, temos um negócio de livros que é uma outra plataforma, na área escolar, e temos School Picture. Enfim, a tecnologia foi uma área que a gente sempre achou que é estratégica e deve ter investimento. Quando nós levamos o Iscool App para as escolas, muitas diziam: “Mas como? O que é isso? Como funciona? Mas eu posso mandar e-mail? Por que eu vou ter que mandar mensagem via dispositivo móvel?”. E aí a gente explicava: “Não, isso é uma comunicação mais eficiente, mais rápida e instantânea”. Além de comunicação, hoje ele tem muitos outros recursos dentro dele. Hoje é o aplicativo mais completo do mercado. Porque o design dele é um dos melhores até na opinião dos nossos concorrentes.

A School Picture

FHOX – Mas aí você conseguiu estudar, no final das contas, no Brasil?

Ramin: Não, eu sempre gostei de estudar, só que o Brasil não tinha nenhuma condição para refugiados, apoio. Por exemplo, na Austrália você ganhava um salário quinzenal se você estudasse. Na Suécia, para onde meus amigos foram, no Canadá, a mesma coisa. Então, os refugiados que foram para esses países logo no começo começaram a estudar. Eu, quando vim, e vim casado, eu vim com uma câmera Mamiya, uma lente e um flash. Só. E com 100 dólares no bolso. Então, não tinha como estudar. Assim, comecei a trabalhar. Sempre falo para Terumi que sou muito grato a ele, temos um excelente relacionamento, ele me deu emprego no momento que eu mais precisava e eu não falava português. Quando eu recebia os envelopes para fazer ampliação, eu levava dois dicionários dentro do quarto escuro, acendia a luz para traduzir o que estava escrito, porque minha célula era célula de ampliação, então era anotação no envelope a caneta. “Amplie a pessoa da direita, faça uma 30 por 40 cortando da mulher que está à esquerda”. Tinha que traduzir isso do português

para o inglês para entender o que estava escrito. Como morei no Paquistão, meu inglês era razoável, mas português eu não conhecia nada. Então, o Terumi me deu emprego nessa época. Foi assim no dia em que mais precisava de emprego. Respondendo à sua pergunta, comecei a estudar com 40 anos, 42 anos. Comecei a estudar em 2006, 20 anos depois de vir para o Brasil. Quando meus filhos já estavam nos últimos anos do ensino médio, eu fiquei um pouco mais tranquilo, tanto eu quanto minha esposa. Ela, no mesmo ano, começou a fazer Psicologia e eu comecei a fazer Marketing e Administração. E aí depois eu fiz MBA na FGV. No dia da minha formatura, eu escrevi uma carta, que ainda tenho, e dediquei meu diploma a todos os jovens que ainda não conseguem ingressar às universidades no Irã. Hoje os jovens bahá’ís ainda estudam na universidade clandestina, os mestres se uniram e montaram os currículos. Isso depois que eu saí do Irã. Essa universidade é uma universidade subterrânea bahá’í que é perseguida pelo governo. Se o governo reconhecer algum mestre que dá aula nessa universidade, prende. Hoje nós temos 70 mestres e alunos presos no Irã, porque o governo pegou eles estudando ou o mestre dando aula. Só que desse grupo que se forma, eles fazem aulas online e a cada 2 meses eles se encontram, Avisando o local do encontro 1 dia antes. Aí eles vão até aquela cidade, fazem uma aula presencial com orientação e voltam para as suas cidades. Quem se forma em 16 cursos dessa universidade, sai do Irã e vai para a maioria das universidades do mundo que abrem mestrado e doutorado para esse pessoal, sem exame, só porque eles são de uma faculdade, de uma universidade subterrânea, de uma universidade que é um grupo de uma comunidade que luta pela educação. Então dessa universidade, desse grupo, surgiram muitas pessoas, que depois se destacaram na Europa, nos Estados Unidos e no Canadá, que eram alunos excepcionais e hoje têm projetos com premiação… os mesmos jovens. E aí dediquei meu diploma a esses jovens, escrevi uma carta muito legal, e li na formatura, foi muito gostoso.

Educação envolve sorrisos

FHOX – Sua história é um case de superação?

Ramin – Acho que sim, matéria jornalística é um pouco difícil para a gente falar disso, porque pode aparecer proselitismo. Mas, eu sempre fui muito ligado com sinais, então eu nunca acreditei que eu estou sozinho e eu sempre acreditei que alguém está me guiando, alguém está me ajudando. Acredito no mundo de Deus e ele não se limita a esse mundo. Quando eu e a minha esposa decidimos vir para o Brasil, foi um grande passo e sacrifício, porque eu estava abandonando a minha família, minha irmã que insistia para eu ir para a Austrália, meu pai que tinha o plano de se juntar a nós… meu pai faleceu o ano passado, após com 30 anos residindo na Austrália; a minha mãe ainda mora lá, toda minha família mora lá. Então, eu tive que abrir mão da família. E eu tive que abrir mão também, desprender de tudo que era vida material. Porque os melhores benefícios para refugiados eram Noruega, Suécia, Finlândia, Austrália, Canadá, Estados Unidos. E o Brasil era o único país em que o governo dizia: “Nós abrimos o país, mas nós não vamos ajudar em nada”.

Hoje a lei do refugiado foi aprovada, nós fomos até entrevistados pelo Fantástico, acho que em 1996 ou 1997, quando a Lei dos Refugiados foi sancionada e daí em diante o governo começou a ajudar os refugiados. Hoje acho que quem vem refugiado para o Brasil tem direito a um salário pela lei. Mas na nossa época não, nós viemos como exilados que foi o grupo que conseguiram nos encaixar. E nós não recebemos 1 centavo do governo. Nós chegamos aqui sem nada e tivemos que lutar pela vida, sobrevivência. Mas nunca me achei só! Sempre achei que alguém lá em cima vai ajudar. E aí Deus me manda aonde? Deus me manda para Londrina, que é a terra da fotografia, que foi o berço da fotografia escolar. Na época, o Mário Mori, que era um ícone na fotografia do Paraná, foi reconhecido como Bicho do Paraná pelo programa Bamerindus. Era um programa antes do Jornal Nacional de sexta ou de sábado, um clipe de 2-3 minutos, no qual falaram do Mário Mori. Ele era um grande homem de fotografia, e era um excelente laboratorista e fotógrafo. Eu conheci essa arte da fotografia escolar com ele. Nós tínhamos muitas conversas na época, vi um material, que falei: “Mário, isso é fantástico!”, e nós fizemos um combinado. Ele atuava no Paraná e Santa Catarina, eu atuava fora do Paraná e Santa Catarina. Por isso que eu vim para a região de São Paulo. E somente depois de 10 anos eu fiquei sabendo que ele abandonou a área de recordação escolar e nós fomos para Paraná e Santa Catarina também em… acho que foi início dos anos 2000. Mas por mais de 12 anos, 12 ou 13 anos, nós não atuávamos em nenhuma escola no Paraná e Santa Catarina, por termos esse trato de camaradagem…

FHOX – Um acordo de cavalheiros.

Ramin: De cavalheiros entre nós dois. Então, o Brasil sendo um país de 7,5 milhões de quilômetros quadrados, para que cidade que eu iria quando cheguei no Brasil? Acho que teve uma mão invisível que me mandou para Londrina. E o período de uma faculdade, de uma universidade que o governo iraniano me proibiu, Deus me deu retribuição no campo mercantil, no campo de mercado fotográfico. E o que eu aprendi com o Terumi e depois com o Mário foi equivalente a 5 anos de uma faculdade. Quando eu cheguei eu vim para a região de Campinas. O centro educacional nacional dos bahá’ís do Brasil fica em Mogi Mirim, eu

fiquei 2 meses nessa região. Então, fiquei numa escola interna por 2 meses até definir a cidade. Como um bumerangue, eu fui para Londrina, 5 anos depois eu voltei para o mesmo lugar. E aí eu comecei a expandir a School Picture aqui na região de Americana, Campinas, posteriormente São Paulo Capital, Rio de Janeiro e depois abrimos para todo o Brasil, e depois de 12 anos nós fomos para o Sul, que foi Paraná e Santa Catarina.

Ensaios fotográficos realizados no outono iraniano na cidade natal de Ramin, Bojnord, no Estado de Khorasan, nordeste do Irã

FHOX – E hoje você está no Brasil inteiro, né?

Ramin: Hoje nós estamos não no Brasil inteiro, mas nas grandes capitais a gente atua. Hoje nós temos escola em Belém, Manaus, João Pessoa, Rio Branco, Nordeste inteiro. Em Salvador temos uma base de 40 mil alunos. No Rio de Janeiro temos 70 mil alunos. No Rio Grande do Sul temos 50 mil alunos. Em Santa Catarina e no Paraná, 50 mil alunos. E toda a região de São Paulo, com mais ou menos 200 e poucos mil alunos. Atuamos em grandes escolas de grandes capitais. No Mato Grosso temos algumas escolas, mas em alguns estados nós não conseguimos entrar, tipo Sergipe, pequenos estados e tal.

FHOX – Entendi. Mas no final totaliza aí o quê? Perto de 1 milhão de alunos?

Ramin: A School Picture tem 500 mil alunos. Mas nós trabalhamos com mais ou menos 750 mil alunos por ano com 250 mil IsCoolApp, 20 mil formandos na Conquista Formaturas e 30 mil alunos na Ciranda De Livros.

FHOX – E para fomentar esse trabalho todo, quantas pessoas, atuam com você?

Ramin: Cerca de 400 colaboradores. Deve ter, no tempo normal, fora pandemia, 320 colaboradores CLT.

FHOX – Você tem o acervo histórico do seu pai enquanto fotógrafo? Você fotografou sua fuga do Irã? Você olhou para isso? Por esse viés assim, de fotógrafo?

Ramin: Sim. Eu fotografei muito no Irã quando morava lá. Mas, infelizmente, como minha vida foi de refugiado e eu tive que sair com apenas uma mochila, eu trouxe uma câmera 8mm para poder filmar a jornada da travessia e uma Mamiya com lente e flash para poder exercer a fotografia. Fotografei muito pouco no percurso porque era fuga! Foi uma fuga… muito intensa. Você não podia aparecer com câmera, diferente de um jornalista que consegue ter o seu crachá de trabalho. Acabei tendo poucas fotos, eu tenho 2-3 fotos em que estávamos meio escondidos e tiramos foto. E, infelizmente, eu fiz uma besteira. Eu tinha 3 rolos de filme 8mm. A câmera, ainda tenho. Meu filho fez cinema em Nova Iorque, ele gosta de guardar as coisas. Então ele pegou minhas câmeras antigas, montou um acervo.

Essa câmera eu ainda tenho. Um pouco antes de eu partir para atravessar a fronteira, um amigo meu me ligou, que estava casando, e eu fui filmar o casamento dele em 8 mm, 3 rolos. Meus rolos acabaram. Quando eu estava vindo, já para atravessar a fronteira, eu não consegui parar em Teerã para comprar novos rolos. Então eu trouxe a câmera, mas

atravessei toda a fronteira, tudo, sem poder filmar. Foi assim, foi uma dor, né? Podia ter pelo menos 1 minuto de filmagem, né? Nunca me perdoo até hoje! Até outro dia escrevi para esse amigo meu e falei: “Me manda pelo menos um filme do casamento que eu filmei, (acha graça) para eu ter de lembrança, pelo menos isso”.

FHOX Segurança.

Ramin: Segurança. Agora, recentemente, com essa modernidade de comunicação, com WhatsApp e tal, inclusive essas 2 semanas atrás um amigo me mandou a foto da loja, do estúdio do meu pai, ainda intacta, no mesmo prédio… não foi demolido, não foi mudado. Só que virou uma imobiliária. Então, creio que quem ficou com a loja, depois ou mudou para outro lugar, ou desistiu do negócio, a gente não sabe. Porque o acervo dele tinha um valor. Porque o pessoal do campo ou o pessoal da cidade, eles procuravam meu pai levando número do arquivo para depois fazer foto grande. Rapidinho a gente tirava o filme, filme 6 por 9, levava, ampliava e aí eles levavam. Isso tinha um valor muito grande porque algumas famílias faziam 3-4-5 cópias grandes, 40 por 60, ou 50 com 60 com moldura e tal e levavam para casa. Então, isso, o acervo dele tinha muito valor. E tudo eram filmes retocados, sabe? Com retoque, tudo retocado, tudo guardado, tal, né?

FHOX – É, isso aí deve ter um valor inestimável. Você não tem ideia.

Ramin: Eu agora tenho contato com um ex-funcionário do meu pai, que eu consegui falar com ele no último mês, e eu vou ver se ele tem alguma coisa. Vou ver se tem alguma coisa que eu tenha guardado da época.

FHOX – O senhor recentemente se apresentou espontaneamente para debater com dois jovens fotógrafos num evento da FHOX, num painel sobre fotografia escolar, como foi a experiência?

Ramin – Acho que a expertise que nós adquirimos neste período de 31-32 anos no Brasil, pode ajudar o mercado e incentivar, encorajar os profissionais dessa área. Isso paralelamente com a melhoria da situação social do país, que seria algo de futuro, porque nós temos que acreditar que o Brasil vai mudar, certamente vai ser uma oportunidade de negócio para muitos fotógrafos. Hoje nós temos, por exemplo, aqui em Americana, mais de 100 profissionais que se formaram com a gente, porque na School Picture, nós temos filosofia de formação dentro de casa. Eu não contrato fotógrafo formado. Isso leva 2-3 até 5 anos, e depois ele começa. Nós formamos mais de 100 fotógrafos na região, e eles são todos profissionais muito bem-sucedidos no mercado.

 

FHOX – Alguns viraram empresários, não é? A gente tem aí o William, {Photum}, por exemplo.

Ramin – Isso. Alguns empresários. Exatamente. Então, a minha sensação foi que… foi bom poder falar com o mercado, com o nosso mercado, mas que podemos falar mais, podemos cultivar um pouco mais isso. Nós também estamos constantemente aprendendo porque em nenhum momento a gente pode pensar que nós temos a fórmula mágica e acabou. Tanto que, nos últimos 10 anos, nós criamos um grupo estratégico dentro da empresa, formado de 5 profissionais, cada um de uma área diferente, a área de tecnologia, a área de e-commerce, a diretoria da empresa, o mantenedor, nós somos nós dois, e mais uma pessoa da área de marketing. A gente aplica mais de 10 pilotos por ano no mercado e experimentamos e depois geramos um livro com todos os gráficos, comportamento de cada um desses produtos no mercado, avaliando se ele se torna depois produto ou não. Nos últimos 10 anos a gente aplicou mais de 50 modelos diferentes de processo de venda, projetos pilotos, produtos diversos, né? Então criou um know-how, mas que a gente constantemente ainda está buscando isso, entendeu? E esses dois profissionais que participaram também, a gente percebe que… eu entendo que isso é um modelo para o futuro da recordação escolar, onde pequenos empresários vão criar seu grupo de clientes na sua volta e vão começar a trabalhar de forma customizada com os seus clientes.

FHOX – Como você vê a questão de uma educação infantil para o olhar, com os cidadãos que vão para o futuro, e que lidam com celulares e câmeras, talvez mais do que nunca?

Ramin – Eu acho que na verdade, no Brasil a gente está um pouco atrasado. No campo da arte, a valorização, nos países emergentes sempre foi um pouco complexa. Você vê quantos países desenvolvidos dedicam seus orçamentos para a arte em geral, não apenas o olhar em fotografia. O meu filho, quando foi para o ensino médio, nós levamos ele para uma escola voltada para vestibular. Hoje, quando converso com ele, ele diz: “Pai, quando eu tiver um filho, não vou fazer o que você fez, porque primeiro vou olhar a grade curricular, vou ver se tem intensidade na arte, ai coloco o meu filho lá. Porque com física, química,

matemática, nós não conseguimos resolver o mundo. A ciência veio para ajudar muito a humanidade, mas a arte para mim é a 5ª dimensão do espírito humano.Três dimensões, são as dimensões físicas: largura, comprimento e altura. O quarto é ” o movimento”. Uma tela de pintura bem feita te transmite “O movimento”. Uma obra de arte de Dostoiévski, Guimarães Rosa, uma poesia do Rumi, uma obra arquitetônica como Gaudí, tem além do movimento uma dimensão transcendental.

Essa última dimensão além do movimento é que eu chamo de Verdadeira Arte, a Quinta Dimensão da alma humana. Ela é uma conexão necessária que emana da Realidade verdadeira de cada coisa criada, e a arte pode expressar isso. Então, a arte para mim não pertence ao mundo físico, embora seja expressada aqui, mas ela pertence de algo transcendental…ela é a Quinta Dimensão da alma humana… que faz com que você ao ler uma poesia ,e chore! Ou, escute uma música e se emocione. Quando olha para a Mona Lisa, você, embora veja uma pintura, sinta movimento nela. Mas, além desse movimento, tem uma outra dimensão que não dá para explicar fisicamente, materialmente, mas dá para sentir. Isso é arte voltada com muita dedicação ao transcendental. Vou dar um exemplo: quando você lê uma poesia bonita, ela mexe com você e você chora, porque ela está na sua 5ª dimensão que reage como ser humano. Quando você olha um filme bem-feito ele mexe com você. Nós bahá’ís, acreditamos que tudo que foi criado no mundo foi criado para o bem-estar da humanidade, para o bem-estar do Homem. Desde que a gente saiba utilizar de forma correta. E todas as coisas criadas têm uma conexão, e essa conexão é necessária.

Foi Deus que criou, e é a 5ª dimensão que só o artista consegue descobrir. Quando você tira uma fotografia, e você para na fotografia e fala: “Olha esse olhar desse ser humano!”, nesse olhar você vê tristeza, vê sofrimento. Então isso leva para você o campo da 5ª dimensão.

Além das 3 dimensões em movimento, tem uma dimensão espiritual, e a arte consegue expressar isso. Nós estamos vendo agora um movimento no Brasil mesmo, o BNCC, ele é baseado em 10 pilares. Os 10 são socioemocionais. E o Brasil finalmente descobriu que o ensino médio brasileiro, não precisa ter mais muito matérias de ciências, ele precisa ter três matérias importantes, base ciência, o resto o aluno pode escolher. E a partir do ano que vem, se eu não me engano, vai entrar em vigor a lei. Então nós agora estamos tendo um respaldo muito legal da parte do Ministério da Educação, com essa base de BNCC que é Base Nacional Curricular Comum, que leva o aluno muito mais para o campo de inteligência emocional e arte, do que a ciência em si que sempre foi focado. Então, eu não tenho dúvida que a humanidade do futuro é uma humanidade que vai valorizar muito mais a arte do que hoje. Hoje, os nossos artistas, eles passam fome, né? O artista, enxerga de outra forma do que um empreendedor, um empresário, que na busca de livre mercado e consumismo, ele busca tudo que é possível para conseguir ganhar mais dinheiro, o artista abre mão disso e vive uma vida mais humilde e mais simples para conseguir, através da sua arte, expressar a essência e oferecer para nós. Só que nós, muitas vezes, passamos em frente de uma obra de arte sem perceber. Por quê? Nós não fomos alfabetizados a entender a arte. Essa alfabetização na arte, tem que começar desde cedo, desde a educação infantil. Hoje tem um

movimento muito grande no mundo, as escolas vão, empreendedores vão para a Escandinávia para ver os melhores modelos de educação da Finlândia. E o que é que eles estão ensinando? Cada vez mais o campo de arte, cada vez mais trabalhos artesanais, cada vez mais expressão do aluno através do fazer. Então, eu acho que vai haver muito dinheiro no futuro, agora esse futuro quando vai ser não me pergunta. Talvez os problemas que nós estamos vivendo no mundo de hoje vão acelerar esse processo de a gente enxergar a arte, a importância da imagem, como você citou, e a importância do olhar, e nós vamos ser seres humanos diferentes do que somos hoje. Até a importância que meu filho vai dar para o filho dele quando chegar na escola, exigindo a arte na grade curricular, coisa que eu não fiz. E é isso.

FHOX Tudo isso que você sente em relação a arte norteou suas decisões profissionais?

Sim e vou te dar um exemplo.Veja o logo da School, nos pesquisamos mais de 18 meses para chegar em algo que venha de dentro da realidade do que fazemos. Sinto que o nosso logo é a quinta dimensão expressando o espírito do que fazemos. Um sorriso! Hoje se alguém olhar pode aparecer normal, mas foi muito tempo a pensar, o que poderia ser o logo do grupo? Quantos sorrisos pedimos por ano aos alunos, pais, famílias? Mais de um milhão… E lá está ele, o espírito do que fazemos. A ideia não veio a toa. Foi um dia quando estávamos nos 4 em família almoçando num restaurante onde tinha giz de cera na mesa e eu estava falando sobre a quinta dimensão de arte. Meu filho de 12 anos na época pegou o giz e desenhou um sorriso e disse: pai, por que vc não usa os dois “Os” e o “U” para isso?

O que a School mais faz no dia a dia? E este sorriso não se limita apenas no trabalho dos fotógrafos, trabalhar com amor é uma arte e aqui o espírito de colaboração, cooperativismo, camaradagem entre os departamentos, a alegria de trabalhar, simpatia verdadeira ao atender os clientes, faz parte do dia dia e é a cultura da empresa. Não tem gente que passa por aqui e não diga, nos fomos afetados pela dinamicidade, alegria e empatia da sua equipe… Essa é a Quinta Dimensão, essa é a arte…

FHOX – Quantos filhos, Ramin?

Ramin: Dois. A Jena, que tem 31 anos, mora na África do Sul, e é formada em publicidade e marketing. Ela é profissional de mídia social, fala 4 línguas fluentes, escreve matérias em 3 línguas: espanhol, português e inglês. Faz matéria para uma grande TV na África do Sul que transmite programa para toda a África, então por isso tem que ser multilíngue. E o Amir, formado em cinema em Nova Iorque, também campo da arte. Ele conseguiu levar um curta- metragem dele para Cannes. Agora fez um outro curta metragem durante um ano, de um trabalho numa instituição em Nova Iorque, que chama UnionDocs, que é uma união de iniciantes para documentário.

FHOX – E você se sente mais persa, brasileiro ou terráqueo?

Ramin: A raiz é Persa isso não escolhemos, mas devemos servir, trabalhar e produzir onde estivermos seja no Brasil, na África, ou na Ásia… Portanto, no fundo, me sinto um terráqueo.

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